. . Sou Pisciana*

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É impossível compreender minhas verdadeiras motivações, porque elas mudam o tempo todo, como as marés dos oceanos. Há tantas pessoas dentro de mim, que os outros se perguntam quando a verdadeira pisciana irá surgir e aparecer. Ver a relatividade da verdade é um grande dom, porque torna-me tolerante e compassiva. Consigo ficar sentada calmamente enquanto meu amante vai
embora, minhas crianças me insultam, meu chefe empilha insultos sobre minha cabeça e o proprietário de meu apartamento me despeja. ''Piscianas parecem aceitar o azar como se tivessem nascido com ele, esperá-lo e, até mesmo, dar-lhe as boas vindas''. Mas sei algo que os outros signos não sabem: todo esse sofrimento humano tem pouco significado quando seus olhos e seu coração estão focalizados no grande Uno.É preciso admitir que há piscianas por aí que são quase uma caricatura do pensamento racional e científico. Esses são os peixes assustados com o caos de suas próprias profundezas. .Incrivelmente rígidas. Tenho uma sensação intuitiva de outras realidades, algo mágico. . É difícil enganar uma pisciana. No entanto, enquanto outros responderão defendendo a si mesmos e acirrando ressentimentos, eu olharei, verei, sentirei pena e perdoarei. Muitas vezes deixo que os outros se aproveitem de mim, não porque sou ingênua, mas porque sinto pena de todo o tipo de gente. Sou também uma romântica incurável. Nasci romântica e serei sempre uma romântica. Não importa o trabalho mais seguro, o status social mais convencional e o orçamento que garanta minha pensão na velhice, trocarei todos por flores, a qualquer momento. . Afinal sou pisciana.*



domingo, 12 de setembro de 2010

. . Ser menos

Tente se colocar no meu lugar, tente ser eu. Você irá compreender o porque das coisas que fiz, faço e das que ainda vou fazer. Não sei muito bem o que quero, mas sei o que não quero. E se nada der certo as consequências serão somente minhas, eu pagarei pelos meus erros. Não me acho melhor ou pior do que ninguém, nem acho que sou essa fortaleza que as pessoas próximas teimam em me dizer. Apenas odeio e amo. Porque o faço, talvez perguntes. Não sei. Mas sinto que é assim, e sofro com isso. Se eu fosse ainda mais ousada perceberia que estou confusa, mas quero estar assim, por que ao menos em confusões eu me acho e me acolho.. Entre amores e dores, sonhos e sabores, vou me descobrindo.
Preciso aprender a ser menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento. Eu preciso diminuir o ritmo, baixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de pare bem no meio da minha frase? Confesso: Eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre, me chama e eu vou com o coração na mochila, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero.


Rafa Almeida .*

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