. . Sou Pisciana*

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É impossível compreender minhas verdadeiras motivações, porque elas mudam o tempo todo, como as marés dos oceanos. Há tantas pessoas dentro de mim, que os outros se perguntam quando a verdadeira pisciana irá surgir e aparecer. Ver a relatividade da verdade é um grande dom, porque torna-me tolerante e compassiva. Consigo ficar sentada calmamente enquanto meu amante vai
embora, minhas crianças me insultam, meu chefe empilha insultos sobre minha cabeça e o proprietário de meu apartamento me despeja. ''Piscianas parecem aceitar o azar como se tivessem nascido com ele, esperá-lo e, até mesmo, dar-lhe as boas vindas''. Mas sei algo que os outros signos não sabem: todo esse sofrimento humano tem pouco significado quando seus olhos e seu coração estão focalizados no grande Uno.É preciso admitir que há piscianas por aí que são quase uma caricatura do pensamento racional e científico. Esses são os peixes assustados com o caos de suas próprias profundezas. .Incrivelmente rígidas. Tenho uma sensação intuitiva de outras realidades, algo mágico. . É difícil enganar uma pisciana. No entanto, enquanto outros responderão defendendo a si mesmos e acirrando ressentimentos, eu olharei, verei, sentirei pena e perdoarei. Muitas vezes deixo que os outros se aproveitem de mim, não porque sou ingênua, mas porque sinto pena de todo o tipo de gente. Sou também uma romântica incurável. Nasci romântica e serei sempre uma romântica. Não importa o trabalho mais seguro, o status social mais convencional e o orçamento que garanta minha pensão na velhice, trocarei todos por flores, a qualquer momento. . Afinal sou pisciana.*



domingo, 12 de setembro de 2010

. . Fofoqueiros .*

Uma mulher espalhou uma fofoca sobre uma certa pessoa que ela não conhecia bem, mas a invejava. Alguns dias depois, o bairro inteiro sabia a história. A pessoa que foi alvo da fofoca ficou indignada e muito ofendida. Mais tarde, a mulher que espalhou o boato descobriu que era tudo mentira, ficou arrependida e foi visitar um velho sábio para descobrir o que podia fazer para consertar o estrago.
_ Vá até a praça principal – disse ele -, compre uma galinha e mande matar. Depois, no caminho de casa, depene-a e solte as penas uma a uma pela rua. Embora surpresa com o conselho, a mulher fez o que o sábio havia mandado.
No dia seguinte ele disse:
_ Agora vá, recolha todas as penas que deixou cair ontem e traga para mim.
A mulher seguiu o mesmo caminho, mas, para seu desespero, o vento tinha dispersado todas as penas. Depois de procurar por horas, ela voltou com apenas três penas na mão.
_ Está vendo – disse o velho sábio – , é fácil soltá-las, mas é impossível recolhe-las. Com a fofoca também é assim. Não custa muito espalhar um boato, mas, depois que se espalha, nunca se pode reverter o dano completamente.

Reflitam e cometem!

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Perfeitamente Imperfeitos